quinta-feira, março 23, 2006

Acho piada aos senhores que curam as depressões com duas cervejas e uns tremoços antes de ir para casa. A delicadeza com que bebe uma cerveja em dois ou três goles, a pose a comer os tremoços de um intocável, sempre direito com dignidade e classe em todos os momentos impossibilitam qualquer juízo de valor da minha parte. O senhor ao lado com uma boquilha no "português amarelo" afirma que os estores estão cinzentos devido à poluição e não pelo fumo que inala. É assim, sem psicólogos, sem conselheiros matrimoniais, terapias e tratamentos mas com muito engano, vive-se. Pergunto-me se prefiriria assim. Prefiro? Talvez. Com muita postura e vaidade. Com muita morcela e tinto, SG's e verde a pressão. Não se pára.
Vim depois, é mais forte do que eu, moralizo, desvalorizo.
Mas será que somos mais felizes?

quinta-feira, março 16, 2006

O controlo das Coisas



Achamos que com a experiência e a idade conseguimos controlar as coisas na nossa vida, e por isso fazemos de tudo, estudamos mais, arranjamos sistemas e métodos, pensamos, meu deus pensamos tanto...

Achamos que a insegurança é um sentimento pueril, sinal de imaturidade. Mas quando os anos passam e passam e ela insiste em viver connosco, a aumentar até nos sentirmos sufocados, percebemos que é uma crise instalada da condição humana e social, no entanto, recusamo-nos a esta coexistência: ou ela ou eu, não consigo viver assim.

Por isso tentamos controlar tudo, os outros, o futuro, esquematizar, antecipar, fazer contas de cabeça: Não resolve. Há quem prefira viver com a insegurança, eu prefiro viver com as coisas.

O nosso auto-controle passa por sabermos viver com o facto de não conseguirmos controlar as coisas, de saber viver com o facto de que existem e existirão sempre problemas.

Saber viver com as Coisas. Saber viver com a insegurança.


segunda-feira, março 06, 2006

Em todas as relações existem discussões, arrufos e arrelias, não é nada de novo, toda a gente o sabe. Sabemos que nos vamos chatear, que os outros se chateiam, que nos chateamos...
Não se pode, então, medir uma relação pelas chatices que não existiram, pois vão sempre haver... a relação mede-se pela forma como se resolvem as ditas, pelas soluções e resoluções, pelas cedências, sim, que essas nem sempre "as há".